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sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Novos Imortais na Academia Brasileira de Cultura

 Por Redação

Fotos Fábio Seabra

Na terça-feira última (14/11) foi realizada a cerimônia de posse como imortais treze novos membros na Academia Brasileira de Cultura (ABC) da Fundação Cesgranrio, no casarão da Fundação no Rio Comprido – RJ.

A ABC, presidida pelo Professor Carlos Alberto Serpa, nasceu em 2021 para fortalecer o setor cultural do país, unindo personalidades de várias áreas artísticas com o objetivo maior de promover o pensamento crítico e a defesa das artes, e da valorização da memória cultural brasileira.

O E aí presenciou tudo pelos olhos de Paulo Alcantara, Rogério Madruga e Fábio Seabra, e sobrou para mim (Conceição Gomes), a única que não pode comparecer, relatar as impressões deles. Estranho? Não! Pensamos que a conversa coletiva abre as mentes, e permite ver o mesmo assunto de pontos de vista diversos, e quem não estava presente assume a mesma posição que você, leitor, absorver a informação e vislumbrar o ato sem a emoção que pode inviabilizar a imparcialidade do fato.

Sonia Guajajara
Esse olhar individual, porém, coletivo, permitiu testemunhar o Brasil possível dos nossos sonhos impossíveis, onde duas representantes dos povos originários reconhecidas pelo Estado como Ministra dos Povos Indígenas e Secretária de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas (Seart), Sonia Guajajara e Juma Xipaia, respectivamente, tornar-se imortais.

Liniker e Professor Serpa
A constatação de que rótulos não são critérios para competência, talento e sabedoria – Liniker – os nossos mais calorosos aplausos para você! Uma artista multitalentosa e necessária. Luana Xavier, representatividade firmada e afirmada das religiões afro-brasileiras – Eparrey! Salve Boiadeiro!

E ainda (e contando) a presença da Ministra da Cultura, Margareth Menezes, da escritora Conceição Evaristo, de Alcione, Daniela Mercury, Glória Pires, Vanessa Giácomo, Viviane Mosé, José Luiz Ribeiro e Antenor Neto.

Novos membros da ABC com o Secretário
de Cultura da Cesgranrio, Leandro Bellini
Como disse Rogério Madruga, era o retrato do DNA do Brasil – multicolorido, diverso, plural, incluso – humano. Fábio Seabra ficou com as palavras da Ministra Sonia Guajajara repetindo na cabeça como em um loop infinito – “Além de fazer o reflorestamento precisamos fazer o ‘reflorestamente’, reflorestar, tornar a nossa mente mais saudável.”

Professor Serpa, Daniela Mercury e a
Ministra da Cultura Margareth Menezes
Paulo Alcantara se ligou no que disse Glória Pires, que “lutará para que os veículos de comunicação, mais precisamente as TVs, repassem os direitos autorais de imagem das reprises, essa remuneração ajudaria a muitos artistas que não estão atuando.” Eu que adoro o canal VIVA que tem em maioria na sua grade as reapresentações, vejo alguns artistas que simplesmente sumiram da grande mídia e acho que esse pagamento seria muito justo.

Por fim, foi uma noite memorável de inclusão, reparação, uma ode à CULTURA!

Axé! Evoé! Taupéicha! Amém!

domingo, 12 de novembro de 2023

“Tenho Fé” estreia nos cinemas dia 23 de novembro, no Mês da Consciência Negra

O documentário destaca artistas que celebram os Orixás e a ancestralidade em suas obras, além de reforçar a importância de se combater o racismo religioso

Por Assessoria

Foto: Alex Ribeiro
Arte: Lee Swain
A potência da presença afro-brasileira na criação artística do país é celebrada no documentário “Tenho Fé”, de Rian Córdova, que estreia no dia 23 de novembro, no mês da Consciência Negra. Produzido pela Pixys Produções e Lira Filmes (a mesma do premiado “Levante”), o documentário - que foi apresentado na 47º Mostra Internacional de Cinema de SP - acompanha a jornada de artistas que celebram os orixás e a ancestralidade em suas obras, a fim de propor uma reflexão sobre o universo de culturas afro-diaspóricas. Os temas transitam entre o sagrado e o ancestral, pondo em emergência cotidiana no combate ao racismo e à intolerância religiosa. Com uma linguagem direta e simples, a produção é indicada para todos os públicos, independentemente de suas crenças. Assista ao trailer neste link.

Artistas e Personagens

De antropólogos, historiadores, profissionais do carnaval até sacerdotes, as encruzilhadas artísticas apresentam um amplo panorama da chamada “arte afro-brasileira”. Entre um vasto acervo de criadores e estudiosos, participam no documentário: o historiador Luiz Antônio Simas; os carnavalescos da GRES Grande Rio Leonardo Bora e Gabriel Haddad; a cantora Rita Benneditto; o dramaturgo Rodrigo França; o autor de quadrinhos Hugo Canuto; o estilista Beto Neves; o antropólogo e Babalorixá Rodney William; os professores e doutores Babalawò Ivanir dos Santos e Helena Theodoro; entre outros artistas.  As câmeras passeiam por palcos de teatros, shows, desfiles de moda, convenções de quadrinhos e até festas populares, como as festas de São Jorge e Iemanjá. O objetivo é entender de forma descomplicada a mitologia dos Orixás e, sobretudo, compreender questões que nos motivam, nos angustiam e nos movem.

Henrique Vieira
Foto Chico Cerchiaro
“O racismo mata em vida. E o racismo mata a vida” - Pastor Henrique Vieira

“Eu acredito cada vez mais em ancestralidade, e ancestralidade pra mim tem um nome:  orixá” - Rodrigo França

Hugo Canuto
Foto Divulgação
“É realmente desconstruir os preconceitos. Ou criar novas perspectivas, novos olhares sobre os orixás, sobre essa herança espiritual cultural africana, e principalmente honrar“  - Hugo Canuto

“A escravidão nos arrancou a realeza, mas os orixás nos devolveram” - Rodney William

Rita Benneditto
Foto Rogério Von Kruger
“Quero tentar com o meu trabalho que as pessoas realmente tenham consciência do que são” - Rita Benneditto

Inspiração e Motivação

Rian Córdova
“O filme é uma grande interseção de talentos artísticos. Nossas câmeras acompanharam a jornada de artistas movidos pela fé nos orixás e pela ancestralidade. Visitamos do desfile icônico de Exu da GRES Grande Rio até a presença de Orixás como heróis em convenções de HQs, para entender a importância da contribuição afro-brasileira na formação da identidade nacional. O filme é sobretudo, um manifesto contra o racismo religioso.” - afirma o diretor Rian Córdova. 

“Como mulher de terreiro, preta e periférica digo: ´Sinto, logo sou!´. O filme, Tenho Fé, proporcionou a representatividade explícita de minha vida sagrada como sempre sonhei. Nós falando de, e, sobre nós. Motumbá!” – diz Conceição Gomes, Curadoria de Conteúdo. 

Direção, Produção e Distribuição

O diretor, Rian Córdova, tem interesse especial em projetos ligados à representatividade e aos direitos humanos. Ele assinou a direção e o roteiro junto do também diretor e roteirista, Leonardo Menezes, o filme “Luana Muniz - Filha da Lua”, vencedor do Prêmio de Melhor Filme pela Escolha do Público no Mix Brasil 2017, Melhor Longa no Festival de Gênero e Sexualidade do Rio no Cinema 2017 e Melhor Longa para Documentário no DIGO 2018 (Goiás). E “Lorna Washington - Sobrevivendo a Supostas Perdas”, que ganhou Menção Honrosa no Festival de Gênero e Sexualidade do Rio no Cinema 2016 e foi selecionado para representar o Brasil como melhor DOC no Festival Internacional de Viña Del Mar 2017 - Lorna Washington que nos deixou recentemente.

A Pixys Produções Artísticas é uma produtora e distribuidora independente sediada em São Paulo. Atua em parceria com a Lira Filmes na distribuição, tendo lançado as obras O VERDE ESTÁ DO OUTRO LADO, de Daniel Rúbio, SEFARAD, de Luis Isamel, FAZ SOL LÁ SIM, de Claufe Rodrigues, DANÇAS NEGRAS, de João Nascimento e Firmino Pitanga, MENÁGE, de Luan Cardoso e O CIRCO VOLTOU de Paulo Caldas. Para 2023 prepara o lançamento das obras LO QUE QUEDA EM EL CAMIÑO e LUIS CARLINI – GUITARRISTA DE ROCK, de Luiz Carlos Lucena.

Desde 2011, a Lira Filmes, fundada por Juliana Lira, opera como Produtora Audiovisual em São Paulo. A partir de 2018, ampliou sua atuação ao tornar-se uma distribuidora independente com a chegada de Roberto Gonçalves de Lima. Seu primeiro lançamento comercial ocorreu em 2018 com o filme "Saudade", dirigido por Paulo Caldas.

Serviço

TENHO FÉ – estreia 23 de novembro nas salas:

São Paulo - Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca e Cine Marquise

Rio de Janeiro - Espaço Itaú de Cinema - Botafogo

Porto Alegre - Espaço de Cinema Bourbon Country

Salvador - Circuito Sala de Arte – CineMAM e Cine Glauber Rocha

Brasília - Espaço Itaú de Cinema Brasília

Palmas - Cine Cultura – Fundação Cultural de Palmas

Poços de Caldas - Cine Ultravisão

Manaus - Casarão de Ideias

Ficha Técnica:

Produção Executiva: Rian Córdova, Juliana Lira e Roberto Gonçalves de Lima

Direção: Rian Córdova 

Roteiro: Rian Córdova

Montagem: Luísa Breda  

Direção de Fotografia: Alan Motta

Coordenação de Conteúdo e Produção: Conceição Gomes 

Motion Arts: Moreno Muniz

Produção: Pixys e Lira Filmes

Distribuição: Pixys e Lira Filmes

Duração: 80min

Faixa Indicativa: 12 anos

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=icd3RIgPx6A

Informações para a imprensa:

Andrea Pessôa - (21) 99155-1222 andreaccpessoa@gmail.com

Ana Fernandes - (21)  99979-6846 anacarolinafl82@gmail.com

terça-feira, 17 de outubro de 2023

A impactante apresentação do 1º episódio da série “Resistência Negra” na 25ª edição do Festival do Rio

Por Reposted da ASCOM

Fotos Rozangela Silva

Nem a noite chuvosa de sexta-feira (13) foi barreira para lotar o Cine Odeon, no Centro (RJ) para avant première de "Resistência Negra", sessão especial para convidados, do 1º episódio da série Resistência Negra, no Festival do Rio, série que o Globoplay prepara para estrear em novembro.

Com cinco episódios, apresentada por Djonga e Larissa Luz, sobre movimento negro. O objetivo da série é narrar a história dos movimentos negros no país. Com direção geral é Mayara Aguiar, o projeto foi idealizado e levado à plataforma de streaming da Globo por Ivanir dos Santos - Babalawô, Prof, Pós-Doutor do Programa de pós-graduação em História Comparada da UFRJ e fundador do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP). Ivanir, atuante há mais de 40 anos em prol das liberdades, dos direitos humanos, das pluralidades contra o racismo e a intolerância religiosa

 

Carregada de simbolismos, coincidência ou não, a exibição na data de ontem é alusiva ao nascimento do Teatro Experimental do Negro. O TEN nasceu em 13 de outubro de 1944, no Rio de Janeiro, como um projeto idealizado por Abdias Nascimento (1914-2011), com a proposta de abrir novos caminhos para pessoas negras nas artes cênicas e na sociedade brasileira. Buscando assim reabilitar e valorizar a identidade, a cultura e a diversidade da população afro-brasileiro. Além de ser um movimento artístico, o TEN também foi um movimento político e social que buscou centralizar as questões negras como foco principal. Mostrando que é possível fazer da arte um ato de reivindicações e lutas por igualdade e equidade.

 

Chico Regueira e
Ivanir dos Santos
A produção documental, lançada quase oito décadas depois, poderá ser uma das janelas para que outras versões da história das resistências cotidianas. “Esse momento é um passo importante para a nossa comunidade, afinal, você tira o negro da subalternidade e marginalidade como é notoriamente visto e traça a história da luta negra no Brasil, porém, com foco na resistência política, onde conta as históricas que criaram o “aquilombamento”. A série apresenta a base para os outros quatro episódios, fazendo um paralelo de cultura, trabalho, política, religião e educação do ponto de vista negro, enquanto entendemos a história dos movimentos negros no país”, defendeu Ivanir dos Santos.

Para Larissa, grande representante da música negra contemporânea da Bahia e umas das vozes que conduzem a história da série – “Temos que entender sobre a nossa ancestralidade, quais os personagens que fizeram a história, que abriram e construíram espaço para estarmos aqui e agora”.


Todos os envolvidos foram reverenciados no palco antes da exibição: arte, edição, diretores, figurinos, entre outros. Das muitas falas emocionadas, Larissa Luz deu uma quebrada ao soltar a voz com o refrão: “...Sou Zezé, sou Leci, Mercedes Baptista, Ednanci, Aída, Ciata, Quelé, Mãe Beata e Aracy. Pele preta nessa terra. É bandeira de guerra porque eu vi. Se é Conceição ou Dandara. Pra matar preconceito, eu renasci...”, música: “Pra Matar Preconceito” (de Raul Di Caprio e Manu da Cuíca), nessa hora, um único coro tomou conta do teatro.

 

Ivanir abordou que “Resistência Negra” é uma mistura e fez um comparativo - “Basta lembrar do filme ‘Faça a Coisa Certa’, do Spike Lee, a frase do Djonga ‘Fogo nos Racistas” e com Buena Vista Social Club”. Um elo interessante sobre a obra-prima de Spike Lee, que consegue levantar questões complexas sem maniqueísmos, entre a contemporaneidade no célebre trecho da música ‘Olho de Tigre’, de autoria do rapper mineiro com os veteranos músicos, formado nos anos 90 em Cuba.

 

"Que honra ser uma trabalhadora operária desse momento tão importante no audiovisual e sociedade brasileira", declarou Samantha Almeida, diretora de Diversidade e Inovação em Conteúdo.

Larissa Luz, Ivanir dos Santos e
Mayara Aguiar
Recheado de emoção, ao fim da exibição, uma surpresa para o grande público: um mini documentário em homenagem à Abdias Nascimento, que abre com uma declamação de “Padê de Exu Libertador”, poema de Abdias, tendo em seguida os bastidores do processo de suas expressões artísticas do militante negro. Mergulhando na obra do baluarte e Emerson Rocha, em uma mostra do conceito de sankofa, uma conexão entre o futuro com o passado. As telas de Abdias estão na abertura da série, transbordando de cores, muitas referências ancestrais e espirituais.

Dos muitos convidados, Claudia Vitalino, atuante do Movimento Negro e Mulheres Negras, Joel da Educafro, Patrícia Rodrigues - coordenadora do projeto "Casa da Mulher Sambista", Pollyne Avelino, do expressivo movimento Wakanda in Madureira, Erick Bretas (TV Globo), Tânia Amorim - umas das idealizadoras do documentário sobre Bangbala "Que eu Receba Riqueza”, Paulo Lins, escritor e roteirista, Deputada Martha Rocha, Luiz Fernando Nery (Petrobrás), Ele Semog (CEAP), Natanael Firmino - PCdoB RJ, Lua Miranda, Elisa Larkin Nascimento (viúva de Abdias Nascimento), entre outras diversas referências negras.

 

Dom Filó, jornalista, produtor e documentarista, alega - “Esse trabalho, resistência é memória, faz com que nossa história seja contada e feita por nós, isso é fundamental”.

 

“Essa série é fruto de muito trabalho, de muita pesquisa e estudo. De um desejo muito grande de contar essa história, que as pessoas conheçam essa história”, declarou a roteirista Mariana Jaspe. Devidamente corroborado por Rafael Dragaud (TV Globo) - “Eu acho que a gente não tem a menor ideia de onde essa mensagem pode chegar, principalmente porque ela está chegando agora, finalmente, para o público que foi destinada”.

 

Lideranças Negras
Uma palinha do “Resistência Negra”, foi apresentado, os outros episódios serão exibidos no Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, no Globoplay. Vale conferir, certo que será de grande validade histórica. "Hoje, as narrativas negras têm ressoado, mas nossos passos vêm de longe, há uma história que não foi contada sobre nós mesmos. São construções ricas e conscientes", defendeu o Prof. Ivanir dos Santos, que é também interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e Membro da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).

 

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Ancestralidade, Espiritualidade e Arte

Por Fábio Seabra

 

Foto: Acervo Pessoal
Definição formal de:

-Ancestralidade se refere aos antepassados ou antecessores. O que se recebeu das gerações anteriores; hereditariedade. 

-Espiritualidade pode ser definida como uma "propensão humana a buscar significado para a vida por meio de conceitos que transcendem o tangível, à procura de um sentido de conexão com algo maior que si próprio". A espiritualidade pode ou não estar ligada a uma vivência religiosa.

-Arte é uma forma de o ser humano expressar suas emoções, sua história e sua cultura através de alguns valores estéticos, como beleza, harmonia, equilíbrio.

AGORA OS MEUS CONCEITOS SOBRE ESSA MISTURA, TOMANDO COMO EXEMPLO UMA DAS CULTURAS QUE VIERAM PARA O BRASIL, O POVO YORUBÁ, DENTRE TANTAS COMO O POVO BANTU (CONGO/ANGOLA) E OS FON BGE, CHAMADOS DE JEJE (ESTRANGEIROS) PELO POVO YORUBÁ. SEM CITAR OS MULÇULMANOS E INÚMEROS OUTRO POVOS.

Para começar vamos discorrer sobre a cultura Yorubá, muito resumidamente. 

É uma cultura rica e com bases na ancestralidade, originária de determinadas regiões da Nigéria e que também exerceu influência em muitas outras partes da África e do mundo. Ela possui uma forte conexão entre antepassado, espiritualidade e arte. Vamos explorar como esses elementos interagem na cultura Yorubá:               

Começando por Ancestralidade, os chamados Egungun:

Os Yoruba têm um profundo respeito pela ancestralidade. Eles acreditam que seus predecessores desempenham um papel significativo em suas vidas e através do culto aos ancestrais, chamados de Egungun, que são os espíritos dos mortos, os quais honram e se comunicam frequentemente pedindo conselhos e orientações. Isso é feito através de cerimônias, danças e rituais específicos.

A arte desempenha um papel crucial nesse formato de culto, uma vez que máscaras e trajes elaborados são frequentemente usados durante as cerimônias de invocação, além dos cantos e danças que fazem parte da ritualística.

Atrelados aos ancestrais estão sua religiosidade que é ligada ao culto dos Orixás e Ifá, cumprindo cada um o seu papel na sociedade religiosa e como um todo:

A espiritualidade Yorubá é central para sua cultura e está ligada ao dia a dia do povo. É social, é política e é uma expressão, forma, de vida. Ela envolve a adoração de divindades conhecidas como Orixás, que representam forças da natureza, elementos e aspectos da vida humana.

O sistema oracular se chama Ifá, mas temos também os búzios e os obis, variando de família para família, de região para região, onde o culto apresenta suas particularidades. Tudo isso é parte importante da espiritualidade Iorubana. O oráculo é usado para buscar orientação divina e é conduzido por sacerdotes chamados babalawos (oluwo).

A arte, também nesse caso, desempenha um papel significativo na representação visual dos Orixás e divindades, pois, esculturas, pinturas e máscaras frequentemente retratam essas entidades.                   

Na Arte Yorubá que se produz é, basicamente, escultura de madeira, ferro ou argila, dança, música, joias e tecelagem sendo todas elas altamente valorizadas, pois compõem uma forma de expressão espiritual. São criadas com grande habilidade e significado simbólico.

A dança é parte integrante da expressão artística e espiritual dos Yoruba. Rituais dançantes são realizados em honra aos Orixás e durante cerimônias importantes.

A tecelagem é outra forma de arte importante nessa cultura e culto. Tecidos coloridos e padrões complexos são usados em trajes cerimoniais e, frequentemente, comunicam status social e identidade. A arte é usada para representar os deuses e espíritos, bem como para honrar os antepassados. A espiritualidade é incorporada à vida diária desse povo onde se obtém uma rica fusão de religião, ancestralidade e arte. 

AGORA FALEMOS DE BRASIL 

O Candomblé:

É uma das religiões afro-brasileiras mais influentes e significativas que emergiu da diáspora africana no Brasil. Sua formação envolveu a fusão de diversas tradições religiosas africanas, que foram trazidas pelos escravos e, ao longo do tempo, fundidas em uma religião única. O Candomblé, essa religião tradicionalmente brasileira, teve e continua a ter, um impacto profundo em várias áreas da cultura brasileira, deixando um legado significativo para a sociedade como um todo, que são vastos e abrangem diversas áreas, incluindo: música, dança, religião, culinária, linguagem, arte e muito mais.                      

Cultura e Identidade:

O Candomblé desempenhou um papel fundamental na preservação da identidade cultural dos afro-brasileiros. Ele ajudou a manter vivas as tradições, línguas, músicas, danças e mitos africanos que foram trazidos para o Brasil durante a época da escravidão.

A religião também contribuiu para a valorização da beleza negra e da herança africana, promovendo uma maior autoestima entre a comunidade afro-brasileira

Política e Ativismo:

O Candomblé, historicamente, foi alvo de perseguição e discriminação no Brasil, e ainda o é. No entanto, essa perseguição levou à formação de movimentos de resistência e ativismo por parte dos praticantes do Candomblé e de outros grupos afro-religiosos e mesmo aqueles que não possuem envolvimento com a religião, encontram nela argumentos de valorização da cultura preta em geral.

Hoje em dia, o Candomblé e outras religiões afro-brasileiras como a Umbanda, Quimbanda, Batuque, Xambá, Xangôs, Jurema, entre outras, desempenham um papel importante na luta contra a intolerância e o racismo estrutural.

Por ser o Candomblé uma religião que valoriza a conexão com os espíritos, a natureza e, principalmente, a ancestralidade, o que se perdeu durante o período do tráfico negreiro entre os séculos XVI e XIX, foi ludicamente, resgatado através da cultura de terreiro. Esse fato acabou por influenciar a religiosidade de muitos brasileiros, mesmo aqueles que não são praticantes do Candomblé, mas encontram nele as referências ancestrais que lhes foram roubadas.

Arte e Expressão Cultural:

O Candomblé é conhecido por suas cerimônias com rituais vibrantes, dançantes, musicais e com trajes alegres e coloridos, transbordando ludicidade. Essas expressões artísticas influenciaram a cultura brasileira como um todo, contribuindo para a riqueza e diversidade do cenário artístico do país.

Muitos artistas brasileiros, tanto na música quanto nas artes visuais, incorporaram elementos do Candomblé e da cultura afro-brasileira em suas obras, por muitas vezes até mesmo sem se darem conta.

Em resumo, o Candomblé e outras religiões afro-brasileiras formam um legado profundo e duradouro na cultura brasileira. Eles influenciaram a forma como os brasileiros percebem sua própria identidade, contribuíram para o ativismo em prol dos direitos civis e da igualdade racial, moldaram a espiritualidade e a religiosidade no país e enriqueceram a cena cultural e artística do Brasil. Esse legado é parte preponderante na herança cultural do Brasil e continua a desempenhar um papel vital na construção da identidade nacional.

P.S.

No Brasil, as religiões de matriz africana desempenham um papel significativo na vida cultural e espiritual do país. Algumas das principais religiões de matriz africana no Brasil incluem:

·         O Candomblé é uma das religiões de matriz africana mais antigas e influentes no Brasil. Originou-se na região da Bahia e é mais comum nas Regiões Sudeste e Nordeste do país. Os praticantes do Candomblé adoram divindades conhecidas como Orixás, N’Kisis e Voduns, para os quais realizam rituais complexos que envolvem danças, cânticos, oferendas e possessões espirituais.

·         A Umbanda é uma religião sincrética que mistura elementos do Candomblé, do Espiritismo, do Catolicismo, do Xamanismo dos povos originários, cultura cigana, ... . Ela é praticada em todo o Brasil e é conhecida por sua ênfase na incorporação de espíritos benevolentes chamadas de "guias" durante cerimônias religiosas.

·         A Quimbanda é uma religião que compartilha algumas semelhanças com a Umbanda, mas muitas vezes é associada a práticas mais voltadas para o culto de entidades mais ligadas a causas terrenas e mais parciais, associadas, ERRONEAMENTE, a figura do Orixá  Exu dos Yoruba. Ela é menos difundida e mais estigmatizada do que o Candomblé e a Umbanda.

·         O Batuque é uma religião afro-brasileira praticada, principalmente, no Rio Grande do Sul. Ela tem raízes africanas e, também, incorpora elementos indígenas. Os praticantes do Batuque adoram divindades conhecidas como Orixás e realizam rituais que envolvem danças e música.

·         O Tambor de Mina. Esta religião é encontrada principalmente no estado do Maranhão. Ela é uma forma de religião afro-brasileira que envolve rituais com tambores e cânticos em homenagem aos Orixás, Voduns e espíritos ancestrais.

·         O Xangô do Nordeste é uma variante do Candomblé que é praticada principalmente na região nordeste do Brasil. Ele adora os Orixás e tem suas próprias características distintas e tradições. 

Além das religiões mencionadas acima, existem cultos afro-brasileiros menos conhecidos e regionais, muitos dos quais são praticados em comunidades específicas em diferentes partes do Brasil. 

É importante notar que as religiões de matriz africana no Brasil, frequentemente, se entrelaçam com outras religiões e práticas espirituais, criando uma rica tapeçaria de tradições sincréticas. Além disso, essas religiões desempenharam um papel significativo na preservação da cultura africana no Brasil e na promoção da identidade afro-brasileira. 

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Future Face Global 2023 - Oportunidade para jovens negros brasileiros no mundo fashion

 Por Conceição Gomes

Foto: Divulgação
Atenção jovens negros brasileiros que sonham com a carreira internacional de modelo, se você tem no mínimo 16 anos, altura mínima de 1,76cm (feminino) ou 1.85cm (masculino), então, leia o que vem a seguir que pode lhe interessar e muito. Ah! E mais, se você (menina) não tem o estereótipo ‘magérrimo’, tá de boa, a oportunidade inclui as plus size.

Pela primeira vez o Brasil está na rota da maior agência de modelos da África, a Beth Models que irá em breve aterrissar em especial na capital de Salvador-BA para o Future Face 2023 Global, a competição tem uma política de igualdade de oportunidades.

É a maior competição internacional de modelos que retorna em 2023 em vários países no mundo. A competição icônica, organizada pela maior agência de modelos da África - Beth Model Management - da modelo nigeriana Elizabeth Elohor. A Beth Models é uma grande potência internacional dentro do mundo fashion.

Elizabeth Elohor
Foto: Divulgação
O Future Face é uma criação de Elizabeth Elohor que começou sua jornada em 2007 como uma ramificação da Elite Model Look Competition. Ao longo dos anos, Beth Models - Future Face descobriu, desenvolveu e gerenciou vários talentos de sucesso. Impulsionou as carreiras de modelos reconhecidos internacionalmente, que trabalharam com grandes marcas como Victoria’s Secret, Tom Ford, Chanel, Fendi, Dolce &Gabbana, Calvin Klein, Ralph Lauren, Revista GQ, Alexander McQueen, Vogue, Dior, Gucci, Prada, YSL, Hermes e muitos mais.

Em 2023, o Future Face realizará castings de julho a setembro em vários países no mundo, com o objetivo de descobrir talentos promissores. Dos numerosos candidatos, um seleto grupo de 20 finalistas competirá diante de membros da indústria e de um experiente painel de jurados.

No Brasil, Salvador foi a cidade escolhida por ser considerada a segunda África. Uma parceria com a empresária, CEO e Editora Chefe da Magazine Le Afrique Style Brazil - Eliana Oliveira - que está à frente do Casting Brasil.

Eliana Oliveira - CEO da Magazine
Le Afrique Style Brazil
Era isso que estava faltando aqui no Brasil. - diz Eliana Oliveira, que olha para esta seleção com muita esperança de ver um modelo afrodescendente brasileiro entre os finalistas da competição global. Será uma grande oportunidade de relações internacionais entre a África e o Brasil que neste momento estão em várias conexões de negócios. Para mim será mais um sonho realizado, que poderá em breve realizar muitos sonhos de jovens negros e modelos no Brasil, finaliza Eliana Oliveira.

O prêmio final não é apenas o título e o prêmio em dinheiro, mas também a oportunidade de estabelecer uma carreira de modelo de sucesso e obter as habilidades necessárias para o sucesso a longo prazo na altamente competitiva indústria da modelagem e da moda internacional. O Future Face está empenhado em realizar sonhos e revelar o verdadeiro potencial das aspirantes a modelo.

Aqui no Brasil as inscrições estão abertas para candidatos de todos os territórios brasileiros, basta se inscrever gratuitamente no e-mail enviando fotos, medidas e um vídeo simples até o dia 09 de setembro. Todos os candidatos irão ser orientados de acordo com a organização da Beth Models. Será um marco no mercado de modelagem aqui no Brasil, pois muitos jovens afrodescendentes sentem a necessidade desta representatividade legítima dentro do mercado da moda.

Para maiores informações, visite o site www.futurefaceglobal.com/

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sábado, 8 de abril de 2023

Exposição de Arte Visual no Parque

 

O Parque das Ruínas, em Santa Teresa, recebe a exposição de arte visual OKAN MIMÓ do artista gráfico Fábio Seabra

Fábio Seabra
Foto Maria Luíza Alves
O Parque e as ruínas são os resquícios do Palacete Murtinho Nobre, erguido entre 1898 e 1902. Residência de Laurinda Santos Lobo - a marechala da elegância - grande dama da sociedade e mecenas da Belle Époque carioca, na década de 1920 sua casa era o ponto de encontro do modernismo no Rio de Janeiro. Em seus salões reuniam-se famosos e figuras proeminentes da época, como Villa-Lobos, Isadora Duncan, Tarsila do Amaral entre outros.

Este espaço que sofreu saques e invasões de pessoas em situação de rua após sua morte, pela depredação, já em ruínas, foi tombado pelo Estado e recuperada a alma artística do lugar. Hoje, o Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas oferece uma programação cultural eclética e inclusiva, além de ser um mirante da Cidade do Rio de Janeiro.

É neste espaço de memória histórica e artística, que Fábio Seabra lança sua primeira exposição de arte. Okan Mimó em uma tradução livre do iorubá significa Consciência Sagrada, a exposição apresenta três coleções do artista – Lewá Mimó (Beleza Sagrada); Ebun Mimó (Ferramentas/Armas Sagradas) e Urban Arts Mimó (Arte Urbana Sagrada).

As coleções são uma representação da profunda conexão com a espiritualidade e a arte do artista, em uma visão bem particular, é um resgate ancestral para Fábio. A exposição que conta com as poesias de Carolina Rocha (a Dandara Suburbana) e de João Ximenes, e peças do escultor em madeira Cláudio Kfé fica aberta para visitação de 15 de abril a 14 de maio, de terça a domingo das 10 às 17h, a abertura será as 15h do dia 15 de abril – sábado.

 

Release

Cenas Afro-brasileiras são o contexto geral desta exposição, que o artista traz através de suas experiências e da profunda conexão com a espiritualidade e a arte. A alma de Fábio Seabra se reflete em cada criação que projeta, em síntese, este resgate ancestral africano.

Fábio Seabra é Designer Gráfico, Colunista e Podcaster. Desde criança já se via envolvido com as cores e formas, e aproveita para resgatar essas lembranças, que fazem parte desta nova história da arte e do sagrado.

Nessa sua primeira exposição de quadros, OKAN MIMÓ (Consciência Sagrada), serão apresentadas três coleções, uma visão bem particular para dar forma, identidade e personalidade a cada divindade.

Na Coleção Lewá Mimó (Beleza Sagrada), baseada em rostos de Orixás, onde Fabio exalta a beleza que percebe nas divindades, denotando o sentimento e a postura de cada um através de seus olhares e expressões, de Esú a Obatalá;

Na Coleção Ebun Mimó (Ferramentas/Armas Sagradas), ele se baseia nos elementos sagrados que cada Orixá tem como particularidade de sua ligação entre o etéreo e a terra;

Já na Coleção Urban Arts Mimó (Arte Urbana Sagrada), o artista traz uma versão em brochura digital e monocromática, dando um tom minimalista e mais moderno ao Orixá na visão do novo mundo.

Colocando em prática a filosofia UBUNTU, o artista convidou a escritora Carolina Rocha – a Dandara Suburbana – ao poeta João Ximenes e ao escultor Cláudio Kfé para agregar diferentes formas de arte à essa exposição, tornando a exposição um encontro de expressões artísticas.

Artistas Convidados

Carolina Rocha/Dandara Suburbana – Escritora e Doutora em Sociologia - @adandarasuburbana

Cláudio Kfé – Escultor em Madeira - https://www.facebook.com/ateliekfe @claudiokfe


João Ximenes – Escritor - https://www.facebook.com/joao.ximenes.399   @joao_xis

 


Sinopse

Exposição de quadros em canvas - OKAN MIMÓ - serão apresentadas três coleções, uma visão bem particular do artista Fábio Seabra  para dar forma, identidade e personalidade a cada divindade. São elas: Lewá Mimó, Ebun Mimó e Urban Arts Mimó. Cenas Afro-brasileiras são o contexto geral desta exposição, que o artista traz através de suas experiências e da profunda conexão com a espiritualidade e a arte. A alma de Fábio Seabra se reflete em cada criação que projeta, em síntese, este resgate ancestral africano. A exposição fica na Galeria do Túnel do Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas de 15 de abril a 14 de maio de 2023, abertura no dia 15 de abril às 15h com entrada gratuita.

Serviço: 

De 15 de abril a 14 de maio de 2023

Abertura: 15 de abril – 15H

Galeria do Túnel

Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas

Rua Murtinho Nobre, 169  – Santa Teresa

Classificação Indicativa: LIVRE

GRATUITO

Ficha Técnica:

Artista – Fábio Seabra

Artistas Convidados – Carolina Rocha, Cláudio Kfé e João Ximenes

Curadoria/Produção – Conceição Gomes

Filmaker – Victor Ruy

Fotografia – Maria Luiza Alves

Paisagista/Decoração – Lourenço Rodrigues

Produção Artística – Rogério Madruga

Realização – E Aí Eventos e Produções Culturais

Fábio Seabra por Fábio Seabra

Desde moleque já me via envolvido com as cores e formas. Na época havia uma coleção da Abril Editora, chamada História do Brasil, que fazia lançamentos semanais em fascículos, cujos desenhos das capas me fascinavam. Então, pedi a meus pais que comprassem para mim lápis de cor e HB, bloco A4, canetinhas coloridas, guache e até uma coleção de canetas nanquim. Assim, fui levando minha pré-adolescência a copiar cada ilustração das capas dos tais fascículos. Ficava inundado de prazer ao ver uma obra reproduzida, mas não me sentia capaz de criar minha própria obra.

Comecei meus estudos no Curso Técnico de Comunicação da ETEC, porém, tudo mudou quando fui estudar Comunicação Social, na FACHA- Faculdades Integradas Hélio Alonso, e descobri a diversidade cultural brasileira, a possibilidade de me arriscar sem medo ou danos, apenas me expressar.

Meu primeiro estágio foi na Artplan. Após a Artplan, trabalhei por alguns anos na Inffinito Foundation, como Diretor de Arte, onde produzia peças publicitárias que rodaram o mundo através dos festivais de cinema brasileiro promovidos por essa produtora, o Brazilian Film Festival. Foi uma escola de aprendizagem. Depois fui trabalhar como responsável pela área de criação da Conceito BR, uma house da Petrobras.

Hoje faço parte do Blog E aí?! como Designer, Podcaster e Colunista, o que muito me envaidece e me torna pleno como artista.

Em minha arte, a pretensão das cores e formas é não achar os pontos onde elas se harmonizam e sim, se complementam. Eu aceito esse desafio e vou além: crio, invento, valorizo e as entrego aos olhos de todas as coisas, para que possam amá-las como eu as amo.


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