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Cruz e Sousa

Postado em 24/11/17
Data Escolhida: 24 de Novembro de 1861
Assunto: Cruz e Sousa

Cruz e Sousa
João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Nossa Senhora do Desterro, hoje, conhecido como Florianópolis, cidade do Estado de Santa Catarina, filho de escravos alforriados, Guilherme da Cruz e Carolina Eva da Conceição. A ex-senhora de seus pais, Clarinda Fagundes Xavier de Sousa, esposa do Marechal Guilherme Xavier de Sousa, não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da educação de João. Sob a tutela do Marechal e de Dona Clarinda, João aprendeu francês, latim e grego, foi discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais, além da educação refinada, João adotou e incorporou o sobrenome da família ao seu.


Jornal Colombo - Imagens do Arquivo
da Hemeroteca Digital Catarinense
Em 1881, tornou-se um dos redatores do Jornal Colombo, em Julho do mesmo ano torna-se proprietário do periódico junto com Manoel Lostada e Virgílio Várzea, o periódico teve uma breve vida de apenas 04 meses. Assim como no Jornal Tribuna Popular, onde João foi editor, em ambos combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna por ser negro. Em 1885, lançou o primeiro livro, “Tropos e Fantasias” em parceria com Virgílio Várzea, seu sócio no Jornal Colombo. 

Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com diversos jornais. Em fevereiro de 1893, publicou Missal (prosa poética baudelairiana) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao simbolismo no Brasil que se estende até 1922 com a semana de Arte Moderna. Com a alcunha de Dante Negro ou Cisne Negro, em referência ao escritor humanista italiano Dante Alighieri. João da Cruz e Sousa foi um dos precursores do simbolismo1 no Brasil. Segundo Antônio Cândido, Cruz e Sousa foi o "único escritor eminente de pura raça negra na literatura brasileira, onde são numerosos os mestiços".

A obra de Cruz e Souza é marcada pela musicalidade, subjetivismo, individualismo, pessimismo, misticismo e espiritualidade. Tal quais as obras de outros poetas simbolistas, seus escritos estão repletos de figuras de linguagem: metáfora, aliteração, sinestesia, etc. Dentre os temas mais abordados pelo autor estão o amor, o sofrimento, a sensualidade, a morte, a religião, além de temas associados ao abolicionismo. Curioso notar que em suas obras e escritos, podemos constatar sua obsessão e predileção pela cor branca (comentário do site www.todamateria.com.br). Dentre suas obras mais destacadas estão: Missal (1893); Broquéis (1893); Tropos e fantasias (1885); Evocações (1898); Faróis (1900); Últimos Sonetos (1905).  

Em dezembro de 1893 casou-se com Gavita Gonçalves, costureira negra criada em casa de médico de posses, com quem teve quatro filhos, todos mortos prematuramente por tuberculose, levando-a a loucura. João morreu aos 36 anos de idade, em 19 de março de 1898 em Minas Gerais, na localidade de Curral Novo (em 1948, a localidade se emancipou e passou a se chamar Antônio Carlos), então pertencente ao município de Barbacena. Cruz e Sousa estava em Curral Novo devido ao diagnóstico de Tuberculose, indo para lá às pressas.

Seu corpo foi transportado para o Rio de Janeiro em um vagão destinado ao transporte de cavalos. Ao chegar, foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier por seus amigos, dentre eles José do Patrocínio, onde permaneceu até 2007, quando seus restos mortais foram então acolhidos no Palácio Cruz e Sousa, antigo palácio de governo do estado de Santa Catarina e atual Museu Histórico de Santa Catarina, no centro de Florianópolis. Cruz e Sousa é um dos patronos da Academia Catarinense de Letras, representando a cadeira número 15.


1 Simbolismo é um movimento literário da poesia e das outras artes que surgiu na França, no final do século XIX, como oposição ao realismo, ao naturalismo e ao positivismo da época. Movido pelos ideais românticos, estendendo suas raízes à literatura, aos palcos teatrais, às artes plásticas. Não sendo considerado uma escola literária, teve suas origens de As Flores do Mal, do poeta Charles Baudelaire. Os temas são místicos, espirituais, ocultos. Abusa-se da sinestesia, sensação produzida pela interpenetração de órgãos sensoriais: "cheiro doce" ou "grito vermelho", das aliterações (repetição de letras ou sílabas numa mesma oração: "Na messe que estremece") e das assonâncias, repetição fônica das vogais: repetição da vogal "e" no mesmo exemplo de aliteração, tornando os textos poéticos simbolistas profundamente musicais.

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